domingo, 19 de janeiro de 2020

260 MILHÕES DE CRISTÃOS, OU 1 EM CADA 8, SOFRERAM PERSEGUIÇÃO EM 2019




ONG Open Doors: aumentou em 15 milhões o total de cristãos que sofrem discriminação em níveis “alto”, “muito alto” e “extremo”

A organização norte-americana Open Doors (Portas Abertas), que monitora a situação dos cristãos perseguidos no mundo, apresentou o seu relatório anual baseado no período de 1º de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019, analisando cerca de 100 países.

O levantamento aponta que 1 a cada 8 cristãos sofre perseguição por causa da fé, o que equivale a 260 milhões de pessoas. Na comparação com o período anterior, aumentou em 15 milhões o total de cristãos que sofrem discriminação em níveis “alto”, “muito alto” e “extremo”.

Embora o número de cristãos assassinados tenha caído de 4.305 para 2.983, aumentou a quantidade de ataques contra igrejas, totalizando 9.488 entre incêndios, depredações, profanações, assaltos e atos de vandalismo.

No período coberto pelo último relatório, 3.711 cristãos foram presos em decorrência direta da própria vivência da fé.

Cristian Nani, diretor do Open Doors, comenta sobre os casos monitorados:

“São vários parâmetros que analisamos: discriminação, violência, exclusão do trabalho, da saúde e do atendimento médico, leis que proíbem a existência de cristãos ou leis contra as conversões que são usadas contra os cristãos”.

A Coreia do Norte continua sendo o país em que a perseguição é mais intensa: como o ateísmo é obrigatório por conta da ideologia comunista imposta à população, quem for identificado como cristão é enviado a campos de trabalho forçado e tortura.

A lista prossegue com o Afeganistão, onde os cristãos podem ser condenados à morte precisamente por serem cristãos, e com a Somália, onde o grupo terrorista islâmico Al-Shabaab, que controla vastas áreas, já declarou que pretende “limpar o país de todos os cristãos”.


Mesmo o “civilizado” Ocidente registra cada vez mais casos de hostilidades, incluindo violência física, assassinatos de religiosos e incêndios em igrejas

Thomas Heine-Geldern, presidente da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, pela sigla em inglês adotada internacionalmente), foi enfático ao avaliar 2019 como um ano de calvário para os cristãos:

"Um ano de mártires. Um dos anos mais sangrentos da história para os cristãos."



O ápice foi o ataque a três igrejas no Sri Lanka, com mais de 250 mortos. A situação na China e na Índia também nos preocupa muito.

Na Europa Ocidental, políticos e líderes de opinião agora falam muito mais sobre liberdade religiosa. Fala-se mais, mas continua sendo feito muito pouco. É difícil acreditar que, num país como a França, mais de 230 ataques contra organizações cristãs tenham sido registrados durante 2019.

Os eventos no Chile também são impressionantes: 40 igrejas foram profanadas e danificadas desde meados de outubro.


Na véspera de Natal, a aldeia cristã de Kwarangulum, no estado de Borno (Nigéria), foi atacada por jihadistas que mataram sete pessoas, sequestraram uma jovem e incendiaram as casas e a igreja. Um dia depois, um grupo independente do Estado Islâmico publicou um vídeo que, segundo as suas próprias declarações, exibe a execução de dez cristãos e um muçulmano no nordeste da Nigéria. Tudo isso nos entristece profundamente. Enquanto celebramos o Natal, outros choram e temem”.

Thomas Heine-Geldern citou como exemplo do aumento da consciência ocidental sobre o drama da perseguição anticristã o vídeo natalino gravado pelo príncipe Charles para a ACN, falando abertamente da perseguição aos cristãos e lançando um apelo à solidariedade. No entanto, o presidente da fundação pontifícia observou que ainda falta empenho concreto de muitas organizações internacionais na proteção à liberdade religiosa como direito humano fundamental.

A grande maioria dos casos de perseguição anticristã passa simplesmente em brancas nuvens pela autoproclamada “grande mídia”. Heine-Geldern menciona a situação em Burkina Faso, país da África Ocidental:


“Segundo as informações que temos, houve pelo menos sete ataques a comunidades católicas e protestantes, com 34 cristãos mortos, incluindo dois sacerdotes e dois pastores protestantes. Os nossos parceiros nos projetos falam de tentativa de desestabilizar o país, de estimular conflitos religiosos e desencadear violência”.

No tocante ao complicado panorama do Oriente Médio, Heine-Geldern recorda as palavras de dom Bashar Matti Warda, arcebispo de Erbil, no Iraque, sobre a situação que continua muito grave tanto no país quanto na vizinha Síria, e comenta:



“A invasão do Estado Islâmico terrorista é apenas um dos muitos ataques a essa comunidade de cristãos. Cada ataque diminuiu drasticamente o número de cristãos no Iraque e na Síria. A beleza do nosso trabalho, no entanto, é que, além da cruz e do sofrimento, também experimentamos bem de perto a grande entrega e amor de muitas pessoas. Por exemplo, na Síria: um país que ainda está em guerra e sofre suas consequências. Visitamos o país várias vezes nos últimos anos. É muito impressionante ver que todos, leigos comprometidos, religiosos, sacerdotes e bispos, apoiados pela generosidade dos nossos doadores, estão fazendo todo o possível e o impossível para aliviar as necessidades espirituais e materiais do povo”.


Fonte: Aleteia

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