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No processo crescente de intimidade com Deus, em nossa caminhada espiritual, geralmente nós nos empolgamos com a mudança radical que ocorre nas nossas vidas. Limpando-nos de todos os vícios e pecados, encontramos em nós a essência dada pelo Pai que nos faz ser amados em profundidade e abraçados pelo particular consolo de Sua Misericórdia.
Na mesma medida, observamos nas pessoas de nosso convívio espiritual exemplos a serem seguidos para alcançar a graça da santidade, da confiança cega no amor de Deus. Amigos, padres, pregadores, enfim, qualquer pessoa que reflita um pouco mais de autoridade em matéria de oração deixa em nós essa espécie de anseio à mesma graça, à mesma inspiração divina. Diante delas, nós como que nos esforçamos em imitá-las e buscamos descobrir o seu segredo.
Assim, inspirando-nos nelas, acabamos vivenciando essa mesma devoção sem, entretanto, atingirmos maturidade e naturalidade na vivência dos dons de Deus nas nossas vidas. Sem nos deixarmos tocar, de maneira profunda, pela graça singular que Deus prepara para nós. O ponto chave a ser descoberto em tais pessoas, e que muitas vezes ignoramos em nós e em nosso esforço de autossantificação, é o caminho de oração percorrido por elas.
Todos os pregadores que ouvimos repetem a necessidade constante de oração para o desenvolvimento do amor de Deus em nós. Não é uma exortação vazia, mas um compromisso e um requisito essencial para deixar florescer em nós a efusão dos dons carismáticos. Não há uma vida de santidade satisfatória (se é que podemos falar nestes termos) sem que haja esse diálogo e essa interação da nossa pequenez com a grandeza Daquele que é todo amor por nós.
Quando crescemos na vivência da fé, é comum nos sustentarmos naquilo que Deus já fez por nós e esquecermos o prosseguimento da caminhada, que se dá pela contínua vivência da oração, sob inspiração do Espírito Santo, e que nos proporciona dar passos em direção à Graça, fazendo-nos íntimos de Cristo e da salvação que Ele traz a nós. Sem a oração, caímos na cegueira da falta de fé, perdemos o contato íntimo com Deus, que procura a ocasião da escuta para demonstrar seu Amor, pela chamado e pelo transbordamento da Sua Misericórdia.
Sem o diálogo com o Pai, a nossa caminhada se torna como que uma casa de areia fundada em bases fracas de comprometimento e responsabilidade. Sem o sustento eficaz da oração e da escuta da Palavra de Deus, toda a construção que Deus quer operar em nós para nos fortalecer diante das dificuldades e desafios se torna pó, pois não há constância no prosseguimento da fé e não há segurança no Senhor a nos motivar contra o pecado e o erro. Sem essa base a nos sustentar, facilmente caímos na tentação.
Frei Camilo Maccise, superior geral dos carmelitas descalços, nos ensina: “Não devem jamais esquecer a importância da oração cristã. Uma oração feita também no silêncio e na solidão, que ajuda os outros a encontrar momentos de deserto, zonas verdes na vida humana, para perceber qual o sentido da vida, qual o nosso papel no momento atual”.
É importante valorizar a oração como veículo de reflexão do momento atual de nossas vidas e do mundo à nossa volta, bem como da vontade de Deus que nos norteia e nos envolve, num eterno abraço de amor. Em nós, é instrumento de humildade e mansidão e meio de nos configurar à imagem e semelhança de Deus, fazendo-nos pequenos necessitados de Sua presença.
Em muitas ocasiões, principalmente quando crescemos em estatura espiritual diante dos outros, admitimos uma postura de soberba, sem cultivarmos essa via de caridade própria da oração. Como na parábola contada por Jesus, somos como aquele fariseu que ignora o pecado do semelhante e se orgulha de manter uma conduta irrepreensível diante dos demais, aparentemente limpo das misérias do mundo. Usamos, pois, da oração como trampolim para atingirmos uma falsa perfeição e, dessa forma, ganharmos mais junto a Deus, como se este gozasse também dessa ostentação e não se refugiasse no pobre que anseia a riqueza melhor dos tesouros do céu, a paz interior, como o cobrador de impostos (cf. Lc 18, 10-13).
Ao dizer “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!”, o publicano se revela na sua indignidade e procura a Deus como conforto e certeza de salvação. Naqueles que, verdadeiramente, vivem a lição da pobreza em Deus (e que, conseqüentemente, são vítimas da nossa imitação e “santa inveja”), Cristo opera o crescimento pela submissão, a elevação pela humilhação, e sedimenta em tais almas o alicerce da paz celeste e da confiança nos desígnios divinos.
Vivendo essa condição, somos moradas eficazes a abrigar o Espírito Santo que quer nos motivar, e não construções fracas que são destruídas pela afobação e pela falta de fé. Muitos daqueles que ouvimos e seguimos como modelo de santidade e que, aparentemente, revelam-se grandes na graça que Deus lhes derrama, na verdade vivem a miséria dos necessitados do Pai, ansiosos por receber deles a mínima porção de sua Misericórdia, pobres e humildes na oração e na espera nEle. Vivenciando essa carência, Deus nos cumula de sua grandeza e nos preenche, justificando-nos pela força de seu ensinamento de amor.
Vivendo essa condição, somos moradas eficazes a abrigar o Espírito Santo que quer nos motivar, e não construções fracas que são destruídas pela afobação e pela falta de fé. Muitos daqueles que ouvimos e seguimos como modelo de santidade e que, aparentemente, revelam-se grandes na graça que Deus lhes derrama, na verdade vivem a miséria dos necessitados do Pai, ansiosos por receber deles a mínima porção de sua Misericórdia, pobres e humildes na oração e na espera nEle. Vivenciando essa carência, Deus nos cumula de sua grandeza e nos preenche, justificando-nos pela força de seu ensinamento de amor.
Fonte: Comunidade Shalom / Via: Aleteia
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