segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

ONDE ESTÃO AS RELÍQUIAS DOS TRÊS REIS MAGOS?


Conheça a intrigante história dos três personagens mais polêmicos do Novo Testamento (e a catedral alemã que supostamente guarda seus restos mortais)


É possível que os ossos dos reis magos descansem em um túmulo dourado na maior catedral gótica da Europa? Uma antiga tradição relata a história de como os corpos dos magos que visitaram o Menino Jesus terminaram sua viagem encontrando repouso na catedral de Colônia, na Alemanha.

A história se encontra no livro do século XIV, de John of Hildesheim, “Historia Trium Regum” (“História dos três reis”). John afirma que Baltasar, Melchior e Gaspar eram da Índia, Pérsia e Caldeia (atualmente Irã e Iraque). Iniciaram sua viagem de forma separada, se reuniram em Jerusalém e depois continuaram juntos até Belém. Depois de adorar Jesus, voltaram juntos à Índia, onde construíram uma igreja e, após uma visão que lhes revelou que sua vida terrena estava a ponto de terminar, faleceram ao mesmo tempo e foram enterrados em sua igreja na Índia.

Duzentos anos mais tarde, segundo o autor, Santa Helena, mãe do imperador Constantino, viajou à Índia e recuperou seus corpos. Depositou-os em um túmulo belíssimo e o colocou na grande igreja de Santa Sofia, em Constantinopla. No final do século VI, o imperador Maurício transportou as relíquias à cidade italiana de Milão.

No século XII, a cidade de Milão se rebelou contra o imperador e este recorreu ao arcebispo de Colônia, que recuperou Milão para o imperador. Como gesto de gratidão, o imperador transferiu as relíquias ao arcebispo, que as levou a Colônia, onde mais tarde se construiria uma catedral gótica para honrá-los. Os ossos estão lá atualmente, dentro de um belo relicário de ouro.

Em 1864, o relicário foi aberto e descobriram os esqueletos de três homens. É possível que estes sejam os restos dos três reis magos que adoraram Jesus, ou seriam apenas três esqueletos anônimos que se fizeram passar pelos magos no início da Idade Média?

Há algumas pistas intrigantes. Um esqueleto pertence a um homem jovem, outro a um homem de meia-idade e outra a um idoso. Um mosaico do século VI em Ravena, que representa os três magos, mostra precisamos homens com estas características. Este detalhe coincide, mas o que acontece com o resto da história.

O relato de John of Hildesheim sobre a origem dos reis magos se baseia em lendas anteriores, dos séculos V e VI. Ao pesquisar sobre a história dos reis magos, é possível encontrar abundantes histórias locais e lendas da Idade Média que chegam à Pérsia, Índia e até China. Brent Landau, erudito do Novo Testamento, traduziu um manuscrito sírio do século VIII que ele considera ter sua origem em tradições muito anteriores.

No entanto, a investigação de Landau só destaca a existência de numerosas e diferentes versões da história dos magos no começo da Idade Média. Cada lenda fala de um lugar de origem e dá um nome diferente aos reis. De todos os personagens do Novo Testamento, os mais polêmicos são os reis magos, pelas histórias, lendas e mitos milagrosos sobre eles. Todos os antigos cristãos do Paquistão, China, Etiópia, Pérsia e Ásia Central garantem ser descendentes deles.

De fato, não temos praticamente nenhuma evidência específica arqueológica ou textual que explique quem eram os reis magos nem de onde eles vinham. O Evangelho de Mateus narra somente que “chegaram do Oriente”, enquanto os primeiros críticos das Escrituras diferem. Alguns sugerem que os magos vinham da Pérsia, outros dizem que eram judeus do Iêmen, e alguns ainda afirmam que os magos eram da Arábia.

Então, o túmulo da catedral de Colônia tem ou não tem os ossos dos três reis magos? É quase certo que não. No entanto, esses esqueletos nos conectam, sim, com o remoto século VI, e com o intrincado tapete de histórias medievais sobre as mais misteriosas figuras do Novo Testamento.

Moral da história: o relicário e a catedral de Colônia permanecem como um enriquecedor testemunho do poder e da inspiração da história de três misteriosos reis magos que abandonaram tudo para embarcar em uma longa e árdua viagem para encontrar Jesus Cristo. E, se eles se aventuraram de tal maneira para descobrir a luz do mundo, nós faríamos muito bem em seguir seu exemplo.

Fonte: Aleteia

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