segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DO PRESÉPIO

© John Pavelka


O que o presépio tem de especial? Ele não é apenas uma representação artesanal do lugar em que Jesus nasceu? O que nos leva a buscar, todos os anos, formas criativas de recriar essa cena?

O presépio é a atualização do que significa uma família contemporânea. Daí sua importância tão grande.

Obviamente, esta atualização não tem nada a ver com a presença de animais ao redor da cama do parto, mas sim com a manifestação do amor de Deus em todas as condições extremas da vida humana.

O que o presépio representa, os sentimentos que desperta, as pessoas que reúne e a bondade que gera não ficam limitados à emoção do pensar que no que foi aquela noite em que, sob as condições mais adversas, o Rei do mundo, o dono de tudo, nasceu como alguém que não tem nada.

presépio é um sinal no qual Deus manifesta seu amor por todos.

Esta tradição católica, de origem medieval, nos recorda o sentido da família e do amor na adversidade. Nela, o amor se vê ameaçado pela pobreza, as condições insalubres atentam contra a vida, o desprezo dos outros se torna uma afrenta contra toda dignidade humana; mas é aí que Deus se faz presente para dizer-nos: “Mesmo que seu pai e sua mãe o abandonem, eu nunca o abandonarei” (cf. Isaías 49).

A conservação desta bela tradição, muito acima de qualquer outra que possa ter sido imposta a nós por culturas não cristãs ou pelo próprio comércio, precisa ser guardada com zelo no interior de cada lar que quer viver a experiência da misericórdia de Deus.

Em um mundo no qual a comodidade e o prazer estão acima de qualquer outro bem, é necessário recordar uma família assim, que se torna invejável, não pelas condições de um nascimento estranho, em circunstâncias estranhas, mas pelo amor divino e humano que se respira no ambiente.

Um pai sem nada, mas com uma grande esperança, e uma mulher com um “sim” irrevogável à vontade de Deus: juntos, enfrentam a dureza das condições de vida, mas entendem perfeitamente que o Criador nunca os abandonará.

Eles não têm nada, tudo é emprestado; só lhes resta o calor dos seus próprios corpos, que os acompanha, mas isso os torna poderosos; não como os poderosos do mundo, mas como os que descobriram que a maior riqueza e poder é um coração que sabe amar.

O coração de José e Maria sabe que o dinheiro sozinho constrói um poder instável e um afeto tão fugaz como o brilho que o ouro reflete diante da luz do sol.

Montar um presépio em casa nos permite aterrissar nossa própria família, cultivar o amor verdadeiro e lutar para que nem a abundância nem a escassez, nem a alegria nem a dor possam opacar a felicidade de um lar no qual Deus é soberano em tudo.

O presépio de Belém não é a lembrança de um acontecimento distante na história, mas sim a representação do nosso próprio lar, pois é aí que o Salvador se manifesta; é nele que, com seu pranto infantil, rompe com o barulho das nossas falsas alegrias; é ele que Jesus nos ajuda a compreender que não existe Natal sem o Salvador, nem família que sobrevive sem Cristo.

Este cenário simbólico é uma escola de perdão, de amor, de esperança, de um “voltemos a começar a cada dia”, porque a vida nova sempre traz esperanças consigo.

Mas esse presépio também nos remete a outras famílias: as desabrigadas, que dormem em barracas improvisadas, doadas por organizações que ajudam os que fogem da violência, os que passam fome, os que só vencerão se, em meio à sua pobreza, souberem conservar o amor.

Dela não podem se desentender nem os soberanos (reis magos) nem os humildes (pastores); nem os que odeiam a vida nascente (Herodes) nem os que a guardam sob suas asas (anjos); ela está no centro da sociedade e de todas as culturas da terra, e quem quiser sobreviver no meio de um mundo que disputa cada vez mais pela comodidade de viver só de prazeres, precisa se refugiar na fortaleza do seu amor.

Temos uma dívida com nossos antepassados, com nossa família, com nossa fé. Que em nenhuma família católica falte esse pequeno cenário, que nos faz pensar no perdão e no amor.
E você, já montou o seu presépio?

Por: Juan Ávila Estrada

Fonte: Aleteia

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