ONG Open Doors:
aumentou em 15 milhões o total de cristãos que sofrem discriminação em níveis
“alto”, “muito alto” e “extremo”
A organização
norte-americana Open Doors
(Portas Abertas), que monitora a situação dos cristãos perseguidos no mundo,
apresentou o seu relatório anual baseado no período de 1º de novembro de 2018 a
31 de outubro de 2019, analisando cerca de 100 países.
O levantamento aponta que 1 a cada 8
cristãos sofre perseguição por causa da fé, o que equivale a 260 milhões de
pessoas. Na comparação com o período anterior, aumentou em 15 milhões o total
de cristãos que sofrem discriminação em níveis “alto”, “muito alto” e
“extremo”.
Embora o número de cristãos assassinados
tenha caído de 4.305 para 2.983, aumentou a quantidade de ataques contra
igrejas, totalizando 9.488 entre incêndios, depredações, profanações, assaltos
e atos de vandalismo.
No período coberto pelo último relatório,
3.711 cristãos foram presos em decorrência direta da própria vivência da fé.
Cristian Nani, diretor do Open Doors,
comenta sobre os casos monitorados:
“São vários parâmetros que
analisamos: discriminação, violência, exclusão do trabalho, da saúde e do
atendimento médico, leis que proíbem a existência de cristãos ou leis contra as
conversões que são usadas contra os cristãos”.
A Coreia do Norte continua sendo o país
em que a perseguição é mais intensa: como o ateísmo é obrigatório por conta da
ideologia comunista imposta à população, quem for identificado como cristão é
enviado a campos de trabalho forçado e tortura.
A lista prossegue com o Afeganistão, onde
os cristãos podem ser condenados à morte precisamente por serem cristãos, e com
a Somália, onde o grupo terrorista islâmico Al-Shabaab, que controla vastas áreas, já declarou
que pretende “limpar o país de todos os cristãos”.
Mesmo o “civilizado” Ocidente
registra cada vez mais casos de hostilidades, incluindo violência física,
assassinatos de religiosos e incêndios em igrejas
Thomas Heine-Geldern,
presidente da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que
Sofre (ACN,
pela sigla em inglês adotada internacionalmente), foi enfático ao avaliar 2019
como um ano de calvário para os cristãos:
"Um ano de mártires. Um dos anos mais
sangrentos da história para os cristãos."
O ápice foi o ataque a três igrejas
no Sri
Lanka, com
mais de 250 mortos. A situação na China e na Índia também
nos preocupa muito.
Na Europa Ocidental,
políticos e líderes de opinião agora falam muito mais sobre liberdade
religiosa. Fala-se mais, mas continua sendo feito muito pouco. É difícil
acreditar que, num país como a França,
mais de 230 ataques contra organizações cristãs tenham sido registrados durante
2019.
Os eventos no Chile também
são impressionantes: 40 igrejas foram profanadas e danificadas desde meados de
outubro.
Na véspera de Natal, a aldeia cristã de Kwarangulum, no
estado de Borno (Nigéria),
foi atacada por jihadistas que
mataram sete pessoas, sequestraram uma jovem e incendiaram as casas e a igreja.
Um dia depois, um grupo independente do Estado Islâmico publicou um vídeo que,
segundo as suas próprias declarações, exibe a execução de dez cristãos e um
muçulmano no nordeste da Nigéria. Tudo isso nos entristece profundamente.
Enquanto celebramos o Natal, outros choram e temem”.
Thomas Heine-Geldern
citou como exemplo do aumento da consciência ocidental sobre o drama da
perseguição anticristã o vídeo natalino gravado pelo príncipe Charles para a
ACN, falando abertamente da perseguição aos cristãos e lançando um apelo à
solidariedade. No entanto, o presidente da fundação pontifícia observou que
ainda falta empenho concreto de muitas organizações internacionais na proteção
à liberdade religiosa como direito humano fundamental.
A grande maioria dos casos de perseguição
anticristã passa simplesmente em brancas nuvens pela autoproclamada “grande
mídia”. Heine-Geldern
menciona a situação em Burkina Faso,
país da África Ocidental:
“Segundo as informações que temos, houve
pelo menos sete ataques a comunidades católicas e protestantes, com 34 cristãos
mortos, incluindo dois sacerdotes e dois pastores protestantes. Os nossos
parceiros nos projetos falam de tentativa de desestabilizar o país, de
estimular conflitos religiosos e desencadear violência”.
No tocante ao complicado panorama
do Oriente
Médio,
Heine-Geldern
recorda as palavras de dom Bashar Matti Warda,
arcebispo de Erbil,
no Iraque,
sobre a situação que continua muito grave tanto no país quanto na vizinha Síria, e
comenta:
“A invasão do Estado Islâmico terrorista
é apenas um dos muitos ataques a essa comunidade de cristãos. Cada ataque
diminuiu drasticamente o número de cristãos no Iraque e na Síria. A beleza do
nosso trabalho, no entanto, é que, além da cruz e do sofrimento, também
experimentamos bem de perto a grande entrega e amor de muitas pessoas. Por
exemplo, na Síria: um país que ainda está em guerra e sofre suas consequências.
Visitamos o país várias vezes nos últimos anos. É muito impressionante ver que
todos, leigos comprometidos, religiosos, sacerdotes e bispos, apoiados pela
generosidade dos nossos doadores, estão fazendo todo o possível e o impossível
para aliviar as necessidades espirituais e materiais do povo”.
Fonte: Aleteia
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