Com muita alegria, a Igreja, solenemente, celebra hoje, 24 de junho, o nascimento de São João Batista. Santo que, juntamente com a Santíssima Virgem Maria, é o único a ter o aniversário natalício recordado pela liturgia.
São João Batista nasceu seis meses antes de Jesus Cristo, seu primo, e foi um anjo quem revelou seu nome ao seu pai, Zacarias, que há muitos anos rezava com sua esposa para terem um filho. Estudiosos mostram que possivelmente depois de idade adequada, João teria participado da vida monástica de uma comunidade rigorista, na qual, à beira do Rio Jordão ou Mar Morto, vivia em profunda penitência e oração.
Pode-se chegar a essa conclusão a partir do texto de Mateus: “João usava um traje de pêlo de camelo, com um cinto de couro à volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”. O que o tornou tão importante para a história do Cristianismo é que, além de ser o último profeta a anunciar o Messias, foi ele quem preparou o caminho do Senhor com pregações conclamando os fiéis à mudança de vida e ao batismo de penitência (por isso “Batista”).
Como nos ensinam as Sagradas Escrituras: “Eu vos batizo na água, em vista da conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu: eu não sou digno de tirar-lhe as sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo” (Mateus 3,11).
Os Evangelhos nos revelam a inauguração da missão salvífica de Jesus a partir do batismo recebido pelas mãos do precursor João e da manifestação da Trindade Santa. São João, ao reconhecer e apresentar Jesus como o Cristo, continuou sua missão em sentido descendente, a fim de que somente o Messias aparecesse.
Grande anunciador do Reino e denunciador dos pecados, ele foi preso por não concordar com as atitudes pecaminosas de Herodes, acabando decapitado devido ao ódio de Herodíades, que fora esposa do irmão deste [Herodes], com a qual este vivia pecaminosamente.
O grande santo morreu na santidade e reconhecido pelo próprio Cristo: “Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João , o Batista” (Mateus 11,11).
João, o profeta
São João Batista é o único santo do qual a Igreja Católica dedica uma solenidade para comemorar seu nascimento.
A Natividade de João Batista é como uma janela que se fecha para o passado, mas, ao mesmo tempo, abre-se para um novo tempo: tempo de graça e de salvação, tempo de cumprimento de todas as profecias e da grande manifestação de Deus, não somente a uma nação ou a um povo, mas a todo o mundo.
É o último dos profetas e um profeta privilegiado, pois pôde contemplar o que todos os outros profetas anunciaram e desejaram ver. Foi profundamente íntimo de Jesus e manteve um relacionamento despontado desde o ventre materno (Cf. Lc 1,41); relacionamento assinalado pela admiração de ambas as partes pelo respeito e pela responsabilidade na missão.
São João Batista foi um homem extraordinário e de uma perfeição de vida que mereceu ser exaltada até mesmo pelo Mestre Jesus Cristo. O próprio Senhor afirmou: “Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11, 11). Jesus exalta a dignidade, não somente de profeta São João Batista, mas a excelência de um verdadeiro homem que, com suas palavras e seu testemunho de vida, preparou o caminho do Messias.
A grandeza de João Batista consiste no seguimento radical do Reino de Deus e na escolha do Pai para anunciar aos judeus e ao mundo que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo. Porquanto, mesmo sendo exaltado por Jesus, João Batista sabia que era uma ‘seta’ que apontava para Aquele que é o Filho de Deus, a Misericórdia Encarnada e, por isso, nunca perdeu a consciência de que era simples e humilde servo do Senhor. Afirmava São João: “Depois de mim vem alguém com mais autoridade do que eu, e eu não tenho direito de agachar-me para soltar-lhe a correia das sandálias” (Mc 1,7).
Anunciador de Cristo
São João Batista, um autêntico homem que desde o nascimento foi cheio do Espírito Santo e, por isso, realizou com afinco a sua missão de anunciador da conversão e do perdão dos pecados para os que, de coração sincero, buscavam Deus. Homem austero, que não se deixou corromper pelos aplausos e elogios de Herodes (cf. Mc 6,20), mas fiel a Deus, anunciou a verdade e defendeu o valor da família e a indissolubilidade do matrimônio.
São João Batista, é o homem da compaixão, pois é exatamente esse o significado do seu nome: “O Senhor se compadece”. Em primeiro lugar, o Senhor se compadeceu da família de São João Batista, ao tirar a esterilidade de sua mãe, da vergonha, da humilhação e do anonimato. O filho foi o consolo para o pai, que não podia deixar um sucessor e, não somente consolo e alegria para o pai, mas foi uma alegria partilhada por muitos aos quais a missão do profeta atingirá.
A profecia e a vida de São João Batista é um ensinamento para tantos homens e mulheres que vivem neste mundo, mas que não querem se corromper e manter-se fiel a Jesus Cristo e ao Seu Reino. Para uma sociedade marcada pelo consumismo, pelo desperdício de tantos alimentos e pela constante busca de fama e sucesso que geram um grande vazio interior e faz com que fixemos o nosso olhar nas coisas que passam e, por consequência, não abraçamos as que são eternas. São João é exemplo, pois se vestia com um traje de pele de camelo, cingia-se com um cinto de couro, comia gafanhotos e gritava no deserto (Cf. Mc 1,4-6).
O único desejo de São João Batista era tornar conhecido Jesus Cristo e levar as pessoas à conversão. Mesmo tendo como missão preparar a primeira vinda de Messias, o apelo de João Batista ainda é audível nos nossos dias, porque o Senhor prometeu retornar, contudo, não sabemos o dia nem a hora. Portanto, busquemos a conversão, o endireitar dos nossos caminhos e tenhamos as lâmpadas acesas para aguardar o Senhor que voltará. Sua vinda é certa como a aurora.
Fonte: Canção Nova
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